domingo, 28 de novembro de 2010

Motivo (Cecília Meireles)


Motivo
 (Cecília Meireles)



Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem triste:

sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou edifico,

se permaneço ou me desfaço,

- não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno e asa ritmada.

E sei que um dia estarei mudo:

- mais nada

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

DORITA PORTO " EDUCAR PARA O AMOR "


Educar para o amor



http://doritaporto.blogspot.com/2010/10/educar-para-o-amor.html

“Amar não consiste simplesmente em fazer coisas para alguém, mas em confiar na vida que há nele. Consiste em compreender o outro com as suas reações mais ou menos oportunas, os seus medos e as suas esperanças. É fazê-lo descobrir que é único e é digno de atenção, é ajudá-lo a aceitar o seu próprio valor, a sua própria beleza, a luz oculta que existe nele, o sentido da sua existência. E consiste em manifestar ao outro a alegria de estar ao seu lado”. Jutta Burgraff

Como tenho escrito e repetido várias vezes nesse espaço, é mais do que urgente que todos pensemos em formas e alternativas educativas, tanto na Família como na Escola para que nossos jovens seja educados para amar.

Hoje quando se fala em amor, muitos entendem como gosto, prazer, satisfação pessoal, etc. Mas não! Como afirma a citação que introduz este texto, "amar é confiar na vida que há no outro, é compreendê-lo, nos seus medos e esperanças,e em última análise ajudá-lo a desenvolver-se em plenitude sua vida.”

E quem fala vida, fala no desenvolvimento de todas as potencialidades.

Se nossos jovens entendem que amar é apenas sentir gosto e prazer, que tipo de família serão capazes de construir?

Nós todos que somos casados, temos família, sabemos perfeitamente que a vida em família, embora seja o que há de mais sublime humanamente falando, tem seus percalços, suas desavenças, suas dificuldades e desgostos. Será então que o amor esta ausente?

Penso, primeiramente no amor filial, de tantos e tantas que acompanham seus pais já idosos, com Mal de Alzheimer, ou tantas outras doenças senis.

Será que é sempre prazeiroso acompanhar uma pessoa que não te reconhece, que te agride( que é sinal de confiança), que pede que você se retire da sua presença? Conheço pessoas que sofreram (e muito) com este tipo de comportamento de seus pais, mas nem por isso os deixaram-nos sem cuidados e os acompanharam até o leito de morte.

Que misterioso é o amor! Por que motivo esses filhos não abandonaram seus pais?

Porque os amavam, não amavam a si próprios em primeiro lugar.Recorrendo novamente à autora da citação, continuaram "confiando na vida que havia neles"! Nesse sentido a Educação de muitos, voltada para a gratificação imediata, não está colaborando para que os jovens sejam educados para esta doação de si mesmos, que é no que consiste o amor verdadeiro.Pelo contrário, este tipo de educação enfraquece a capacidade de amar e de sofrer pela pessoa amada

Vemos tantos casamentos que se rompem alegando que já não "amam" mais o cônjuge, ou que estão "apaixonados" por outro(a) e com isso se justificam! Eu me pergunto: que classe de amor é este? Um amor que abandona filhos, casa, família, para curtir uma nova vida?

Muitos quando se separam alegam: tenho direito de ser feliz! Tenho minhas sinceras dúvidas de que possam encontrar a verdadeira felicidade quando o centro das sua atenções está em si próprios.

DORITA PORTO

domingo, 3 de outubro de 2010

CRIANÇA!!!


CRIANÇA!!!


Maria Emília Leitão M. Redi


Ah! Criança! Bela Criança!



Quem emudeceu teu canto,

Pendurou tuas auroras

Nos varais do desencanto?


Quem te colocou nas mãos

A arma do desalento

Este tão vil desatino

De existir se morrendo

Em cantos dos dias idos

Nas esquinas nuas de amor?



Ah! Criança! Bela Criança!



Quero secar o teu pranto,

Catar no vento perdido

O sussurro do teu canto,

Devolver-te primaveras

E ver brilhar-te encanto

Da mais pura e bela flor!



Ah! Criança! Bela Criança!




quinta-feira, 23 de setembro de 2010

MEL REDI - " O MENINO E O RIO "


O MENINO E O RIO

Maria Emília L. M. Redi

O menino sentou-se à beira do rio. Deixou o olhar perdido nas águas inquietas... As correntezas levaram o tempo e todos os sonhos. E já não era mais o menino.

Era o ancião, habitante do seu íntimo, martelando os pregos da canoa, que o levaria à outra margem.

Lá, encontrou o filósofo, perdido em sua complicada e sensível realidade. Deslizou os passos pelas idéias, que permeiam a essência do Ser, e sentiu-se rico, ao constatar-se imprimido na unidade. Pensou, - Sou um rio! E mergulhou nas profundezas da eternidade...

Viu-se em todas as eras. Sentiu em cada célula, em cada átomo o latejar da evolução sem fim das espécies. Percebeu outros seres vivenciando as mesmas dores, as mesmas alegrias e encontrou semelhanças entre os paradoxos.

Sorriu, feliz, apreciando a chuva.

As campinas verdejaram e o sol inundou de calor as vidas. As plantas floresceram e vieram os frutos, que amadureceram, caíram ao chão e apodreceram.

No espelho d´água avistou a criança e o velho, e... aceitou as limitações do seu entendimento.

Admirado, estendeu o olhar pela mata em chamas e viu o homem destruindo o paraíso. - Era o homem o predador das espécies... - Era ele mesmo! E chorou todas as lágrimas do remorso.

Outras estações vieram. Ele cantou na voz do vento todas as épocas. Sentiu-se só, diante da natureza destruída e dos animais carbonizados.

O mormaço daquela atmosfera era escaldante!

A deusa Ganância, tão despótica e insensível, lançou-lhe um bafo quente, cheirando a enxofre.

- Seria o caos?

Sentiu sede, mas as águas já não eram cristalinas e potáveis.

- Onde estaria o rio? Aquele da sua infância? Onde estaria?

Remexendo as cinzas do passado, imaginou-se a “Fênix” , como num passe de mágica, delas faria renascer o paraíso. Cerrou forte os olhos e desejou ardentemente:

- VERDE! VIDA!

No palco da existência, abriram-se as acinzentadas cortinas de fumaça.

- Era azul, muito azul o céu deste momento!

E o verde vibrou nos olhos da Vida!

O paraíso se expandiu como miragem dos seus sonhos...

Na Terra, na Criação, na criança, no ancião, os corações pulsavam em uníssono:

- Há Esperança! Não é tarde demais para o recomeço.

A Vida ofereceu ao mundo outra chance. E, sentado à beira do rio, era, novamente, o menino que acreditava em um mundo melhor para a criança, o ancião e toda Criação.

Soltou das mãos as pesadas correntes do desamor... E as águas do perdão as levaram embora.

Pousou os pés no chão da realidade e sentiu firmeza

- Agora é um novo tempo!!!

As águas do rio rolaram, rolaram... O menino cresceu.

O ancião, em sua dimensão, sorriu... à espera de um possível reencontro, muito diferente, muito mais cósmico, pós o caos.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

MEL REDI - " TORMENTA "


TORMENTA


Sob o céu de Vila Nova,

Gaivotas revoam livres

Por sobre caves antigas

Onde vinhos envelhecidos

Tingem-se de saudade...



Na alma viajante

Tinto néctar embriaga

"Antiga Ilusão" ...

Sempre tão nova !



Sonho louco...

Um bem querer,

Uma paixão que nunca morre !



Através da janela d’alma

Brota um rio salgado

A escorrer pelo Douro

Todo o lamento

Do velho fado desaguado

No revolto mar do meu tormento!!!


Mel Redi


sábado, 28 de agosto de 2010

ESVAZIE-SE


SEJA PLENO,
 ESVAZIE-SE!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

ORAÇÃO


ASSIM DIZ O SENHOR :

"Eu enviarei o meu Anjo que vá adiante de ti, e te guarde pelo caminho,
e te conduza ao lugar que te preparei.
Respeita-o e ouve o que Êle te diz.
Não Lhe resistas:
Pois Êle não perdoaria a tua falta, porque meu Nome está Nêle! "
( EX.23,20-21)